Imunonutrição – Aspectos Práticos

Dr. Daniel Magnoni
Dr. Celso Cukier

O conhecimento da resposta metabólica ao trauma e ao jejum associado à compreenção das necessidades calóricas ao paciente podem ser considerados grandes avanços na área de terapia nutricional. Sabe-se atualmente que o paciente em situação de estresse metabólico perdem grandes quantidades de massa corporal magra independentemente da quantidade de calorias ofertadas. A manutenção do peso, quando obtida, estabelece-se as custas de acúmulo de água e gordura. A manutenção do balanço nitrogenado assume importância vital à medida que busca apoiar as funções orgânica e imunológica, processos de reaparação tecidual. A decisão pelo início precoce da terapia nutricional pode modificar intensamente e de forma benéfica a evolução da patologia vigente. A utilização de nutrientes específicos com capacidade de alterar a resposta do organismo ao trauma e infecção e prevenir ou atenuar o catabolismo intenso desencadeado tem sido proposta. Ácidos graxos omega-3, nucleotídeos, arginina e glutamina têm sido estudados separadamente e em conjunto, clínica e experimentalmente, com objetivo de favorecer o estado imunológico, balanço nitrogenado e cicatrização da ferida operatória. Além dos nutrientes considerados imunomoduladores, tem sido referido na literatura o desenvolvimento de substância com capacidade de acelerar a síntese protéica, melhorando a evolução de patologias relacionadas a catabolismo protéico. A estas substâncias denominou-se fatores de crescimento (FC). Diversos destes fatores foram estudados com diferentes efeitos sobre o organismo. Dentre os FC destaca-se o hormônio de crescimento, cuja capacidade de favorecer a síntese protéica e recuperação de pacientes em estado crítico foi demonstrada na prática clínica e experimental. Neste suplemento serão discutidas as principais ações destes nutrientes. Para melhor compreenção e aproveitamento do leitor, estão citados abaixo estudos recentes relacionados à imnonutrição, compilados de Barton, 1997 e constituindo importante revisão do assunto.
Para que serve a imunonutrição
Segundo Davies e Hagen (Systemic inflamatory response syndrome. BJS 84:920, 1997) a imunonutrição visa corrigir e prevenir deficiências nutricionais, atenuar a perda de proteína corpórea, intensificar a função imunológica e favorecer modificações orgâanicas em resposta a doenças, melhorando a recuperação clínica.
Como atua a imunonutrição?
A imunonutrição pode favorecer a manipulação de respostas orgânicas por meio da utilização de nutrientes específicos. A imunocompetência, que envolve fagocitose, função da barreira intestinal e proliferação linfocitária, pode sofrer influência de aminoácidos como glutamina e arginina e nucleotídeos (RNA e DNA). A resposta inflamatória que tem influência direta da produção de eicosanóides e citocinas pode, em parte, ser modificada pela presença do tipo de ácido graxo predominante em sua composição (ácidos graxos omega-3 ou omega-6) nos fosfolípides da membrana celular.

Referências bibliográficas:

Barton, RG – Son beneficas en los pacientes criticamente enfermos las formulas enterales capaces de incrementar la respuesta inmune? Lecturas sobre nutrición 4(4):7-27, 1997.
Borges e col. – Imunonutrição: uma perspeectiva. In: Waitzberg DL – Nutrição enteral e parenteral na prática clínica. Ed Atheneu. 1995. pp. 480-95.
Cukier e col. – Fatores de crescimento e nutrição. In: Waitzberg DL – Nutrição enteral e parenteral na prática clínica. Ed Atheneu. 1995. pp. 544-54.
Kudsk, KA; Minard, G; Croce, MA – A randomized tril of isonitrogenous enteral diets after severe trauma: An immune-enhancing diet reduces septic complications. Ann Surg 224:531-43, 1996.
Revista Brasileira de Nutriçào Clínica vol. 13 (1), 1998
Lecturas sobre nutricion. vol.3 (6), 1996