VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO
VI DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO - Novas recomendações
Ana Karolina L. R. Deliberato
Estudante de Nutrição - Estagiária
Priscila Moreira
Nutricionista do Ambulatório de Nutrição Clínica
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia - SP
O que é Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS)?
Condição clínica multifatorial caracterizada por níveis elevados e sustentados da Pressão Arterial (PA). Associa-se frequentemente a alterações funcionais e/ou estruturais dos órgãos-alvos e alterações metabólicas, como consequente aumento do risco de eventos cardiovasculares fatais e não-fatais.
A HAS tem alta prevalência e baixas taxas de controle, é considerada um dos principais fatores de risco modificáveis e um dos mais importantes problemas de saúde pública. A mortalidade por DCV aumenta progressivamente com a elevação da PA a partir de 115/75 mmHg de forma linear, contínua e independente.
Fatores de risco para HAS
- 60% dos indivíduos que sofrem de HAS tem idade acima de 65 anos;
- Elevado em homens até 50 anos, invertendo-se a partir da 5ª década;
- Duas vezes maior em afrodescendentes (Terapia não-medicamentosa, melhores resultados);
- Excesso de peso e obesidade central, desde idades jovens;
- Ingestão excessiva de sódio;
- A ingestão de álcool por períodos prolongados;
- Sedentarismo;
- Fatores socioeconômicos;
- Genética.
Tratamento não-medicamentoso:
- Controle de peso:
IMC < 25kg/m² e CA < 102cm e < 88cm. - Em pacientes com obesidade grave, a Cirurgia Bariátrica reduz a mortalidade e controla a HAS e DM2.
- Acompanhamento a longo prazo
- Desencorajar dietas radicais
Grau de recomendação I e nível de evidência A.
Redução do consumo de sal: Dieta hipossódica
- Alguns indivíduos tem uma maior sensibilidade ao sal, indivíduos normotensos com essa sensibilidade apresentam incidência 5x maior de HAS, em 15 anos, que aqueles com baixa sensibilidade.
- Alguns trabalhos demonstram que o peso ao nascer tem relação inversa com a sensibilidade ao sal e está diretamente relacionado com o ritmo de filtração glomerular e HAS na idade adulta.
Reduções mesmo modestas de sal, são em geral eficientes em reduzir a PA.
Definição recente da OMS:2000mg/dia de sódio = 5g de cloreto de sódio (sal)
Grau de recomendação IIb e nível de evidência B
Ácidos Graxos Insaturados:
- AG Poliinsaturado (W-3): Pequena redução da PA com a suplementação de óleo de peixe em altas doses diárias e predominantemente em idosos.
- AG Monoinsaturado (W-9): Azeite de oliva pode reduzir a PA, principalmente devido ao elevado teor de ácido oléico.
Fibras:
- Betaglucano: Fibra solúvel presente na aveia, determina discreta diminuição da PA, apenas em obesos.
Proteína de soja:
- A substituição isocalórica de parte da proteína alimentar por um composto de soja associada a outras medidas não-medicamentosas promoveu queda da PA em mulheres após menopausa.
Laticínios:
- O consumo de duas ou mais porções diárias de laticínios magros correlacionou-se a menos incidência de HAS. Provavelmente estão associados a maior aporte de cálcio.
Alho:
- A alicina tem ação metabólica, podendo atuar na coagulação, aumentando o tempo de sangramento e promovendo discreta redução na PA.
Polifenóis:
- Os polifenóis contidos no café e em alguns tipos de chás tem propriedades vasoprotetoras.
- O chocolate amargo (com alto teor de cacau) pode promover discreta redução da PA.
Álcool:
- As evidencias de correlação entre uma pequena ingestão de álcool e a consequente redução da PA ainda são frágeis e necessitam de comprovações.
Recomendação do consumo de álcool para hipertensos – Grau de recomendação III, nível de evidência D.
Atividade física:
- Os exercícios isotônicos e os de resistência devem se completar para reduzir a PA.
- Todo adulto deve realizar pelo menos 5 vezes por semana 30 minutos de AF moderada de forma continua ou acumulada, desde que tenha condições de realizá-la.
Atividade física – Grau de recomendação I e nível de evidência A.
Cessação do tabagismo:
- Medida fundamental e primária na prevenção das DCV e outras doenças, porém, não há evidencias que haja benefícios no controle da HAS.
Dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension
- O alto nível de adesão a esse tipo de dieta reduziu em 14% o desenvolvimento de hipertensão. Os benefícios sobre a PA têm sido associados ao alto consumo de K+, Mg2+ e Ca2+.
Grau de recomendação I e nível de evidência A.
Dieta do mediterrâneo
A substituição do excesso de carboidratos nesta dieta por gordura insaturada e o consumo de frutas e hortaliças induz a redução da PA.
Dietas vegetarianas
São deficientes em micronutrientes (ferro, vitamina B12 e cálcio) sendo necessária a suplementação para atender às recomendações vigentes. Essas deficiências tem sido identificadas como fatores predisponentes à HAS em adultos seguidores deste estilo alimentar.
Grau de recomendação IIa; nível de evidência B.
Hipertensão em situações especiais
- Idosos: Tratamento não-medicamentoso, com redução de sal moderada na dieta é benéfica.
- Crianças e adolescentes: O tratamento não-medicamentoso deve ser recomendado a partir do P90 de PA sistólica ou diastólica, que corresponde a HAS limítrofe.
Resumo elaborado a partir das VI Diretrizes Brasileiras de Hipertensão da Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Disponível em: http://www.saude.al.gov.br/files/VI_Diretrizes_Bras_Hipertens_RDHA.pdf